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Sete Erros Fatais do Relativismo Moral

A consciência/percepção de moralidade leva a Deus tanto quanto a consciência/percepção de queda de maçãs leva à gravidade. (Roger Morris)
Roger Morris, do site Faithinterface, com base no livro Relativism – Feet Firmly Planted in Mid-Air, de Francis Beckwith e Gregory Koukl, elaborou a lista que segue, com sete erros fatais do Relativismo moral. Francis Beckwith  é professor e filósofo, especialista em política, direito, religião e ética aplicada. Gregory Koukl é apologista cristão, fundador da Stand To Reason, organização dedicada à defesa da cosmovisão cristã.

O Relativismo moral é um tipo de subjetivismo que sustenta que as verdades morais são preferências muito parecidas com os nossos gostos em relação a sorvete, por exemplo. O relativismo moral ensina que quando se trata de moral, do que é eticamente certo ou errado, as pessoas podem e devem fazer o que quer que sintam ser o certo para elas. Verdades éticas dependem de indivíduos, grupos e culturas que as sustentam. Porque acreditam que a verdade ética é subjetiva, as palavras como devem ou deveriam não fazem sentido porque a moral de todo mundo é igual; ninguém tem a pretensão de uma moral objetiva que seja pertinente aos outros. O relativismo não exige um determinado padrão de comportamento para todas as pessoas em situações morais semelhantes. Quando confrontadas com exatamente a mesma situação ética, uma pessoa pode escolher uma resposta, enquanto outra pode escolher o oposto. Não há regras universais de conduta que se apliquem a todos.

O relativismo moral, num sentido prático, é completamente inviável. Que tipo de mundo seria o nosso se o relativismo fosse verdade? Seria um mundo em que nada estaria errado – nada seria considerado mau ou bom, nada digno de louvor ou de acusação. A justiça e a equidade seriam conceitos sem sentido, não haveria responsabilização, não haveria possibilidade de melhoria moral, nem discurso moral. Um mundo em que não haveria tolerância. Este é o tipo de mundo que o relativismo moral produz. Vejamos os sete erros fatais do Relativismo:

1. Relativistas morais não podem acusar de má conduta a outras pessoas. O relativismo torna impossível criticar o comportamento dos outros, porque, em última análise, nega a existência de algo como “má conduta”. Se alguém acredita que a moralidade é uma questão de definição pessoal, então abre mão da possibilidade de fazer juízos morais  objetivos sobre as ações dos outros, não importa quão ofensivas elas sejam para o seu senso intuitivo de certo ou errado. Isto significa que um relativista não pode racionalmente se opor ao assassinato, ao estupro, ao abuso infantil, ao racismo, ao sexismo ou à destruição ambiental, se essas ações forem consistentes com o entendimento pessoal sobre o que é certo e bom por parte de quem as pratica . Quando o certo e o errado são uma questão de escolha pessoal, nós abdicamos do privilégio de fazer julgamentos morais sobre as ações dos outros. No entanto, se estamos certos de que algumas coisas devem ser erradas e que alguns julgamentos contra a conduta de outros são justificados – então o relativismo é falso.

2. Relativistas não podem reclamar do problema do mal. A realidade do mal no mundo é uma das primeiras objeções levantadas contra a existência de Deus. Toda esta objeção se fundamenta na observação de que existe mal verdadeiro. Mas mal objetivo não pode existir se os valores morais são relativos ao observador. O relativismo é inconsistente com o conceito de que o mal moral verdadeiro existe, porque nega que qualquer coisa possa ser objetivamente errada. Se não existe um padrão moral, então não pode haver desvio do padrão. Assim, os relativistas devem abandonar o conceito de verdadeiro mal e, ironicamente, também abandonar o problema do mal como um argumento contra a existência de Deus.

3. Relativistas não podem condenar alguém ou aceitar elogios. O relativismo torna os conceitos de louvor e condenação sem sentido, porque nenhum padrão externo de medição define o que deve ser aplaudido ou condenado. Sem absolutos, nada é, em última análise, ruim, deplorável, trágico ou digno de condenação. Nem é qualquer coisa, em última análise, boa, honrada, nobre ou digna de louvor. Relativistas são quase sempre inconsistentes nesse ponto, porque eles procuram evitar condenação, mas prontamente aceitam elogios. Se a moralidade é uma ficção, então os relativistas também devem remover as palavras aprovaçãocondenação de seus vocabulários. Mas se as noções de elogio e crítica são válidas, então o relativismo é falso.

4. Relativistas não podem fazer acusações de parcialidade ou injustiça. De acordo com o relativismo, as noções de equidade e justiça são incoerentes, já que ambos os conceitos ditam que as pessoas devem receber igualdade de tratamento com base em alguma norma externa acordada. No entanto o relativismo acaba com qualquer noção de normas vinculativas externas. Justiça implica punir aqueles que são culpados de um delito. Mas, sob o relativismo, a culpa e a condenação não existem – se nada for finalmente imoral, não há acusação e, portanto, nenhuma culpa digna de punição. Se o relativismo é verdadeiro, então não há tal coisa como justiça ou equidade, porque ambos os conceitos dependem de um padrão objetivo do que é certo. Se, porém, as noções de justiça e equidade fazem sentido, então o relativismo é refutado.

5. Relativistas não podem melhorar a sua moralidade. Relativistas podem mudar a sua ética pessoal, mas eles nunca podem se tornar pessoas melhores. De acordo com o relativismo, a ética de uma pessoa nunca pode se tornar mais ‘moral’. A ética e a moral podem mudar, mas nunca podem melhorar, já que não existe um padrão objetivo pelo qual medir esse melhoramento. Se, no entanto, o melhoramento moral parece ser um conceito que faz sentido, então o relativismo é falso.

6. Relativistas não conseguem manter discussões morais significativas. O que há para falar? Se a moral é totalmente relativa e todas as opiniões são iguais, então não há uma maneira de pensar melhor do que outra. Não há uma posição moral  que possa ser considerada como adequada ou deficiente, razoável, aceitável, ou até mesmo bárbara. Se disputas éticas só fazem sentido quando a moral é objetiva, então o relativismo só pode ser vivido de forma consistente se seus defensores ficarem em silêncio. Por esta razão, é raro encontrar um relativista racional e consistente, já que a maioria deles são rápidos para impor suas próprias regras morais, como, por exemplo, “é errado forçar sua própria moralidade nos outros”. Isso coloca os relativistas em uma posição insustentável: se falam sobre questões morais, eles abandonam seu relativismo; se não falam, eles abrem mão de sua humanidade. Se a noção de discurso moral faz sentido intuitivamente, então o relativismo moral é falso.

7. Relativistas não podem promover a obrigação de tolerância. A obrigação moral relativista de ser tolerante é auto-refutante. Ironicamente, o princípio da tolerância é considerado uma das virtudes principais do relativismo. A moral é individual, assim eles dizem, e, portanto, devemos tolerar os pontos de vista dos outros e não julgar seu comportamento e atitudes. No entanto, se não existem regras morais objetivas, não pode haver nenhuma regra que exija a tolerância como um princípio moral que se aplica igualmente a todos. De fato, se não há absolutos morais, por que ser tolerante afinal? Relativistas violam seu próprio princípio de tolerância quando não conseguem tolerar as opiniões daqueles que acreditam em padrões objetivos morais. Eles são, portanto, tão intolerantes quanto frequentemente acusam os que defendem a moral objetiva de ser. O princípio de tolerância é estranho ao relativismo. Se, por outro lado, a tolerância parece ser uma virtude, então o relativismo é falso.

O relativismo moral é falido. Não é um verdadeiro sistema moral. É auto-refutante. E hipócrita. É logicamente inconsistente e irracional. É seriamente abalado com simples exemplos práticos. Torna ininteligível a moralidade. Nem mesmo é tolerante! O princípio de tolerância só faz sentido em um mundo no qual existem absolutos morais, e somente se um desses padrões absolutos de conduta for “Todas as pessoas devem respeitar os direitos dos outros que diferem em conduta ou opinião”. A ética da tolerância pode ser racional somente se a verdade moral for objetiva e absoluta, não subjetiva e relativa. A tolerância é um princípio “em casa” no absolutismo moral, mas é irracional de qualquer perspectiva do relativismo ético.

 

[Este blogue fez, no processo de versão, algumas adaptações na estrutura/ordem do texto. Segue o link de um dos vários “sites” que publicaram o resumo original: Effectual Grace]

 

5 comentários em “Sete Erros Fatais do Relativismo Moral

  1. Se for assim, pode-se dizer que o relativismo é a mesma coisa que os seres humanos na sua frase de “errar é humano”, onde perdoam a si mesmos pelos próprios erros simplesmente pela inevitabilidade de errarem. Ser relativista é uma faca de dois gumes porque é necessário saber que não há como agir seguindo esse ideal; é como a discussão sobre a Causa Primeira. Porém, assim como essa causa é discutido mesmo assim, também isso não significa que não haja sentido na essência do relativismo. Porque ela está no que chamamos de “pecado”, que é o que nós, humanos, guardamos dentro de nós mesmos e com as sensações ruins provocadas por alguns deles, enquanto evoluímos como espécie e ganhamos racionalidade, os vetamos e cortamos. Morte não é diferente disso, afinal a barbárie tem seu significado demonstrado em si próprio. A ordem foi estabelecida para evitar caos, por causa do medo do caos. Por causa do sentimento ruim que a espécie tem com o que o caos permite. Isso tornou o caos mau porque ele destrói a sintropia.

    Por isso, assassinos são presos. Têm o caos dentro de si como todos também e fazem uso dele para seus intentos, perturbando a ordem, causando o medo. E mesmo assim, dependendo de onde seja julgado, um assassino pode ser “deixado passar” caso tenha agido em autodefesa e com o mesmo nível de reação que houve quando ao calibre da agressão. Porque se equilibrou. O “caos da morte” e a “ordem da vida”; mesmo quando a vida vem para subjugar a morte, sem conseguir senão extingui-la. O Relativismo é falho? Ele prova a si mesmo em sua própria premissa, pois não aceita nem a si como absoluto. E por causa disso, alguém que olha de outra perspectiva, diz que ele se nega e portanto, se anula. Se assim, como alguém que segue a doutrina de vida que defende como correta pode estar correto? Afinal, está agindo conforme disse que se deve ser. Ou seja, é falho?

    O Relativismo é falho? Então a Perfeição existe, pura e simplesmente? Ela não precisa ser perfeita para nada, mas pode ser perfeita porque o é? Ah, você acredita que a Perfeição é Ele; sendo assim, prove que ele existe e explique sua origem. Prove a Causa Primeira. É difícil explicar? É difícil para o interlocutor compreender? Mas é Perfeição, não é? Perfeição é o que é; é simples, pura, por que precisaria de explicação?

    Relativistas podem agir sim e argumentar; porque necessitam. Seres humanos não matam animais para se alimentar? Você que compartilhou e leu o texto, é vegano, vegetariano? De onde saiu seu alimento? Foi necessário danificar nada? Uma árvore, um animal? Mas não importa, certo? Porque houve uma necessidade, aliás, uma relatividade, que causou a necessidade desse dano: sua sobrevivência. Sobrevivência? Parece até o que a ordem defende, né? Taí, mais uma vez, o medo da morte trazendo a necessidade dos hábitos humanos. Matando seres vivos para sobreviver, mas sem ser considerado imoral por conta disso. Alterando e danificando seus arredores para “evoluir” em detrição da terra fecunda que a Perfeição o concedeu. Mas sem ser imoral; sem ser contraditório. É humano, é pecador; é natural que viva pecando (é isso?).

    Perto disso, o que é a atitude de alguém que defende uma conduta sem julgamentos danosos, que infelizmente precisa fugir do seu próprio argumento pra lutar por sua causa? Mas será que está mesmo fugindo de sua causa, quando ela mesma “nega” a si própria para provar sua consistência? Hm, isso é irônico; lembra aquela frase que é usada como base para os nossos pecados, e que é apoiada pela “Perfeição”: “Aquele dentre vós que nunca pecou, que atire a primeira pedra!” Ora, ora, será que a própria Perfeição nos disse que somos imperfeitos? Então, se somos imperfeitos, como podemos agir com perfeição? Se somos imperfeitos, podemos errar e sempre erramos? Então eu não posso dizer que não existem verdades absolutas, porque vou estar agindo fora da minha natureza e indo contra o que acredito? Se é assim, você, pecador, pare de viver agora mesmo, senão vai viver pecando. Não consegue? Sim; eu sei: Parar de viver espontaneamente seria outro pecado.

    Levando em conta tudo isso, agir com incoerência é algo que está impregnado no ser humano; alguém que diz que o pecado é errado jamais vai conseguir deixar de cometê-lo. E eu, que sou pecador, e mais, relativista, não vou deixar de defender minha ideia; porque, perto dos meus atos, minhas ideias são o que há de menos danoso.

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